Identificação de um edifício Pombalino
A identificação de um edifício Pombalino é feita essencialmente pela existência da estrutura gaiola, que consiste num sistema de pórticos tridimensionais contraventados de madeira, perpendiculares entre si. "São geralmente constituídos por cinco pisos, com rés do chão de comércio e restantes andares de habitação, apresentavam apenas variações de pormenor: no 1º piso tinham janelas de sacada, 2º e 3º pisos janelas de peitoril e no 4º piso águas furtadas. A altura das fachadas seria aproximadamente igual à largura das ruas principais e sempre a mesma dentro de cada quarteirão".
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rés-do-chão amplo e rasgado para permitir a instalação das lojas ou armazéns;
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escadas e acessos aos andares passam ocupar um espaço muito mais importante;
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aumento do pé-direito fixado em 16 palmos, cerca de 3,70m, para o rés-do-chão e primeiro andar, sendo o dos restantes pisos o que coubesse na altura disponível prevista para o quarteirão;
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paredes de fachada principal rasgadas por várias e grandes janelas;
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aproveitamento das águas-furtadas e mansardas;
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existência de paredes divisórias de tabique esbeltas, com acabamento por fasquiado e uma espessura total entre 0,10 e 0,12m que apresentavam uma notável elasticidade e uma boa resistência às acções verticais, permitindo até o aumento dos vãos; quando colocadas ortogonalmente, de forma a cruzarem-se entre si. Estas paredes melhoravam significativamente o comportamento estrutural do edifício;
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todas as paredes exteriores dos edifícios que formavam os vários quarteirões foram envolvidas pela gaiola tridimensional de madeira.
Acima do rés-do-chão existe um sistema de travamento tridimensional que confere ao conjunto uma boa ductilidade - gaiola. Os elementos horizontais e verticais da gaiola são denominados respectivamente por travessas e prumos, e os elementos de contraventamento são as chamadas diagonais. Uma parede constituída por estes elementos de madeira denomina-se frontal, sendo as cruzes formadas pelos elementos diagonais denominadas Cruzes de Sto André. "Aparentemente não há distinção sobre as várias geometrias para a disposição dos elementos diagonais, pensando-se que esta depende da formação técnica do artista que executou, para além de serem observadas várias geometrias num mesmo edifício. As paredes de frontal inserem-se na estrutura tridimensional de madeira, sendo por isso paredes resistentes. Nem todas as paredes interiores são de frontal apesar de todas elas serem de madeira, já que este é um material leve e as ligações aos pavimentos são facilitadas pois estes também são de madeira. As paredes interiores que não são frontais só tem função divisória, sendo denominadas paredes costaneiras ou tabiques". As paredes costaneiras ou tabiques são executadas com ripas de madeira pregadas a barrotes verticais. Como tanto as paredes de frontal como os tabiques são rebocados só se distinguem exteriormente através da sua espessura, sendo os frontais mais espessos (entre 15 e 20cm) do que os tabiques (10 e 15cm) por conterem elementos de madeira com dimensões consideráveis no seu interior.
"A gaiola é assim formada por vários elementos que interligam paredes interiores, exteriores, vigamentos de pavimentos e asnas de cobertura formando um sistema quase perfeito de solidarização dos diferentes elementos estruturais, idêntico às melhores soluções actuais obtidas com betão armado".
"A gaiola foi concebida de modo a que, durante a ocorrência de um sismo, pudesse permanecer íntegra, mesmo que a alvenaria se desmoronasse, constituindo assim um elemento estrutural de grande robustez, com boa capacidade para suportar cargas verticais e um excelente desempenho face às acções horizontais (sismos). Esta capacidade resistente à acção dos sismos resulta da forma como foi organizado o sistema de ligações entre os diferentes elementos, ou seja, do rigor e do detalhe construtivo na ligação da gaiola ao rés-do-chão, principalmente por meio de pernos (gatos) metálicos chumbados nas paredes.
Em todo o sistema a caixa de escada tem também uma contribuição muito importante para a resistência face à acção sísmica, sendo a sua concepção bastante compacta, com três paredes paralelas em gaiola, solidamente travadas pelos degraus. O desenvolvimento técnico atingido, imposto pela necessidade urgente de reconstrução, quer em quantidade quer em qualidade, levou à criação de elementos construtivos produzidos em série, através da implementação de sistemas de pré-fabricação dos elementos de madeira, das cantarias e dos azulejos. A esta uniformização de soluções não terá sido alheia a condição de militares dos responsáveis pelo plano de reconstrução".
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