Breve descri��o
(por
Ema
Coelho* e
Francisco Carvalhal**)
Pode considerar-se a plataforma s�smica
triaxial como constitu�da por tr�s subconjuntos principais: (1) o
corpo (ou plataforma propriamente dita), sobre o qual s�o montados
os modelos ou esp�cimes a ensaiar; (2) o sistema de guiamento,
cuja principal miss�o consiste em assegurar que o corpo se move apenas
segundo os graus de liberdade desejados; e (3) o sistema actuador,
o qual inclui os sistemas de controlo associados e que tem por miss�o
impor ao corpo (e, por conseguinte, � base do esp�cime de ensaio) o
movimento com as caracter�sticas requeridas pelos diversos ensaios
s�smicos.
O corpo � uma estrutura em chapa de a�o soldada com a forma aproximada
de um prisma triangular, constituindo uma das suas faces laterais o
tampo (com as dimens�es �teis de 4,6x5,6 m2) onde s�o montados e
fixados, como se disse, os modelos ou esp�cimes a ensaiar. Foi concebido
de forma a apresentar uma elevada rigidez, tanto global como localizada
� nas zonas onde se liga com outros componentes da plataforma, quer do
sistema actuador quer do sistema de guiamento � sem que o correspondente
peso atingisse valores excessivos, dado tratar-se de uma massa m�vel. |
Figura
2 � Vista da parte inferior do corpo. |
O sistema de guiamento merece uma abordagem
um pouco mais detalhada at� porque constitui um elemento inovador
relativamente a outras plataformas s�smicas. Tal como foi j�
referido, nos ensaios s�smicos realizados nesta plataforma o
movimento global do corpo dever� resultar da combina��o de tr�s
movimentos de transla��o segundo outros tantos eixos ortogonais
entre si (dois horizontais, designados por eixo transversal e eixo
longitudinal, e um vertical); da�, naturalmente, o facto de se
designar por plataforma triaxial. Essas transla��es correspondem a
tr�s dos seis graus de liberdade do corpo da plataforma, enquanto
corpo r�gido que �. Neste contexto, o sistema de guiamento dever�
eliminar (ou, na realidade, adequadamente restringir) a
possibilidade do movimento do corpo segundo esses tr�s graus de
liberdade restantes, que, como se sabe, s�o constitu�dos por
rota��es em torno dos tr�s eixos ortogonais atr�s mencionados. |
Figura 3 � Ac��o das barras de tor��o (F. Carvalhal). |
Nas plataformas s�smicas
triaxiais de que se tem conhecimento, a elimina��o ou restri��o
dessas tr�s rota��es � realizada com recurso a actuadores
hidr�ulicos servocontrolados. Trata-se, portanto, de uma via activa,
isto �, com disp�ndio de energia. No caso da plataforma s�smica
triaxial do LNEC, a op��o contemplou uma abordagem passiva. Com
efeito, s�o dispositivos mec�nicos, integrados no sistema de
guiamento, que t�m a miss�o de contrariar, restringindo, os
indesejados movimentos de rota��o. Basicamente, cada um destes
dispositivos mec�nicos, um para cada rota��o, � constitu�do por uma
barra de tor��o (na realidade, por tubo com elevada resist�ncia �
tor��o) suportada, em cada uma das extremidades, por chumaceiras, o
que lhes permite rodarem livremente em torno do seu pr�prio eixo. Em
cada uma dessas extremidades encontra-se uma manivela que se liga ao
corpo da plataforma atrav�s de uma biela com pares esf�ricos
(r�tulas). Este arranjo mec�nico, com r�tulas esf�ricas, permite que
o corpo da plataforma se possa movimentar livremente segundo as tr�s
transla��es desejadas. No entanto, se ocorrer um momento ou bin�rio
perturbador � devido, por exemplo, a um momento de derrube do modelo
em ensaio e tendente a provocar a rota��o do corpo em torno de um
dos eixos de transla��o � ent�o as bielas de liga��o da barra de
tor��o associada a esse eixo tender�o a deslocar-se em direc��es
opostas; este facto dar� origem a um bin�rio de reac��o que ir�
equilibrar o bin�rio perturbador e "eliminar", deste modo, a
possibilidade de rota��o. |
Poder-se-� argumentar
que a solu��o activa conduz a um sistema de guiamento mais
simples e menos volumoso, o que, efectivamente, � verdade. N�o
obstante, a solu��o passiva apresenta tamb�m indiscut�veis
vantagens, que, em �ltima inst�ncia, levaram a que tivesse sido
a solu��o adoptada. De entre essas vantagens, citam-se as duas
consideradas como as mais relevantes. Em primeiro lugar, a
tarefa dos sistemas de controlo associados ao sistema actuador �
aliviada, o que reduz a sua complexidade e, consequentemente, o
seu custo. Em segundo lugar, o n�mero de actuadores hidr�ulicos
(e dos respectivos servocontroladores) decresce
consideravelmente, o que tamb�m acarreta uma redu��o
significativa de custos, n�o apenas no que toca ao investimento
inicial mas tamb�m, e sobretudo, no que respeita a custos de
manuten��o. Por �ltimo, � de salientar que a experi�ncia
adquirida com a opera��o da plataforma s�smica mostra que o seu
grau de desempenho est� � altura do que era esperado. |
Figura 4 � Al�ado lateral segundo o eixo transversal |
Figura 5 � Al�ado lateral segundo o eixo longitudinal |
O sistema actuador � essencialmente constitu�do por actuadores
�leo-hidr�ulicos e sistemas de controlo associados. De uma forma
sucinta, cada actuador �, por seu turno, constitu�do por um cilindro
(tamb�m vulgarmente conhecido por macaco) hidr�ulico de duplo-efeito e
de dupla-haste, por uma ou mais servov�lvulas e por todo um outro
conjunto de componentes hidr�ulicos, de liga��o, comando e seguran�a. O
�leo sob press�o (press�o normal de funcionamento da ordem dos 200 bar)
� fornecido por um grupo de moto-bombas hidr�ulicas com um d�bito m�ximo
de 690 litros/min.
A plataforma s�smica triaxial do
LNEC possui quatro actuadores �leo-hidr�ulicos: um, com a capacidade
nominal de 300 kN de for�a, para o eixo vertical, um (1000 kN) para o
eixo longitudinal e dois (2 � 300 kN), instalados em arranjo "push-pull",
para o eixo transversal. A massa m�vel equivalente da plataforma � de
aproximadamente 40 toneladas; por outro lado, a plataforma foi
dimensionada para uma carga m�xima (massa do esp�cime de ensaio) de
cerca de 40 toneladas. Todos os actuadores possuem um curso �til de
cerca de 145 mm, descontado j� o percurso m�ximo correspondente ao
sistema de paragem de emerg�ncia a for�a constante.
Tendo em conta esses valores, verifica-se que as acelera��es nominais,
ou seja, para as capacidades nominais de for�a dos actuadores em
presen�a, e para a plataforma sem esp�cime de ensaio, s�o as seguintes:
eixo transversal 15 m/s2, eixo longitudinal 25 m/s2 e eixo vertical 7,5
m/s2.
Tal como atr�s foi j�
mencionado, o sistema actuador foi objecto, recentemente, de uma
altera��o significativa (complexa e onerosa) com vista a melhorar as
suas capacidades de velocidade segundo os tr�s eixos. Assim, na
configura��o actual, as velocidades nominais e velocidades limites que
podem ser atingidas segundo os tr�s eixos, e durante um determinado
espa�o de tempo essencialmente dependente do tipo de solicita��o em
causa, s�o, respectivamente: eixo transversal 0,70 a 1,21 m/s, eixo
longitudinal 0,42 a 0,74 m/s e eixo vertical 0,42 a 0,73 m/s.
Figura 6 � Planta geral. |
Figura 7 � Vista em perspectiva. |
*investigador principal do LNEC
**Investigador-coordenador do LNEC
Excerto do artigo publicado no N.� 10 da revista
Engenharia e Vida - Fevereiro de 2005
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