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Conservar e reabilitar fazem parte de uma nova sensibilidade ecológica
para com o habitat, ligada à ideia da sustentabilidade do urbanismo e da
construção, que está a reformular profundamente as práticas da engenharia
e da arquitectura no dealbar do novo milénio.
Com efeito, tem vindo a verificar-se a nível mundial uma progressiva
consciencialização da importância do património arquitectónico, urbano e
rural, em termos históricos, culturais, sócio-económicos, de memória
colectiva e de identidade nacional, e da consequente obrigação de o
preservar, sustendo a sua degradação em obediência a um conjunto de
princípios éticos internacionalmente consagrados, de modo a permitir
legá-lo nas melhores condições às gerações vindouras.
Por outro lado, o parque edificado moderno apresenta em Portugal problemas
de degradação construtiva e funcional, por vezes de alguma gravidade, para
os quais têm contribuído uma ausência generalizada de manutenção periódica
e a prática de erros e atropelos, com elevada frequência e pelas mais
variadas causas, no processo de construção de muitos edifícios recentes.
O LNEC, que tem privilegiado as abordagens pluridisciplinares – tirando
partido do facto de contar nos seus quadros com investigadores e outros
técnicos com formações em áreas científicas muito díspares, que cobrem uma
gama bastante extensa desde a física e as ciências dos materiais até à
arquitectura e às ciências sociais –, afirma-se na realidade portuguesa
como uma instituição capaz de congregar outras entidades públicas e
privadas e de aglutinar valências complementares e sinergias de outros
centros de excelência. Está por isso particularmente bem posicionado para
manter e dinamizar uma reflexão conjunta sobre as grandes temáticas acima
mencionadas, que exigem um tratamento pluridisciplinar.
É neste contexto que surge o 3º ENCORE, na sequência do 1º e do 2º
ENCORE’s, que tiveram lugar respectivamente em 1985 e 1994 e contaram com
uma larga adesão do meio técnico e científico nacional e de expressão
lusíada, traduzida em qualquer deles por várias centenas de participantes,
que totalizaram cerca de um milhar no conjunto desses dois Encontros.
O 3º ENCORE aborda os nobres e tradicionais temas relacionados com o
património arquitectónico classificado, mas abrange também o estudo do
património urbano mais geral e do parque edificado recente, procurando em
todos esses domínios proceder ao balanço do conhecimento adquirido na
última década, detectar lacunas a colmatar, perspectivar novas linhas de
abordagem e fomentar o seu estudo e investigação.
Para o efeito, o Encontro organiza-se em três grandes temáticas –
património arquitectónico, património urbano e parque edificado recente –,
para cada uma das quais foram propostas as seguintes abordagens
específicas: história, teorias e conceitos; aspectos sociais, ambientais e
de sustentabilidade; estratégias e metodologias de intervenção
(planeamento, análise e diagnóstico, projecto, obra); materiais e técnicas
de conservação e de reabilitação; economia e garantia da qualidade; ensino
e formação; casos de estudo.
O 3º ENCORE é promovido e organizado pelo LNEC com a colaboração de
diversas outras entidades oficiais, e conta com o Alto Patrocínio do
Presidente da República, integrando-se nas comemorações dos 150 anos do
Ministério das Obras Públicas, Transportes e Habitação.
Ainda antes da sua efectivação, é possível antecipar o sucesso científico
deste evento, face ao número excepcionalmente elevado de comunicações
aceites (quase centena e meia) e aos critérios de selecção e apreciação
adoptados, às treze conferências incluídas no programa, a cargo de
especialistas nacionais e estrangeiros de indiscutíveis prestígio e
autoridade, e às visitas técnicas às regiões de Évora, Lisboa e Tomar,
oferecidas aos participantes. Registe-se ainda que o Encontro é
enriquecido com a realização em paralelo de três exposições:
bibliográfica, técnica (materiais, serviços, equipamentos, etc.) e da
actividade do LNEC no domínio.
Merece ainda referência especial o interesse que a divulgação da
realização do 3º ENCORE suscitou fora do espaço nacional, interesse
comprovado pelo número significativo de comunicações provenientes de
outros países, que representam 30% do número total das comunicações
apresentadas. Entre esses países destaca-se o Brasil, por razões
compreensíveis, mas é grato registar os restantes países de onde foram
também recebidas comunicações, e que na sua maioria não são de expressão
lusófona: Bélgica, Espanha, Equador, México e Moçambique.
Julga-se que a boa receptividade do meio técnico e científico nacional, e
até internacional, à realização do Encontro se alicerça no prestígio
alcançado pelas edições anteriores dos ENCORE’s, que constituíram marcas
de referência para todos os interessados nas temáticas neles tratadas.
A organização do 3º ENCORE deseja manifestar publicamente o seu
agradecimento a todos quantos contribuíram para prestigiar e tornar
realidade este evento: aos membros das Comissões de Honra e Consultiva,
que se prontificaram amavelmente a promover a sua divulgação; aos membros
da Comissão Científica, que seleccionaram e apreciaram os resumos e os
textos finais das comunicações; aos Conferencistas e aos Autores das
comunicações, que aceitaram partilhar os seus conhecimentos e
experiências; às entidades apoiantes e patrocinadoras, que ajudaram a
viabilizar a realização do Encontro; e a todos os colaboradores que, com
muita dedicação, cooperaram com a organização nos aspectos logísticos; e
finalmente aos participantes, de cuja presença activa também depende em
larga medida o êxito do 3º ENCORE.
José Vasconcelos Paiva
Presidente da Comissão Organizadora
Abril de 2003
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